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quinta-feira, 28 de abril de 2011

Metade de nada

Descrente coração que bate
em desconfiante arritmia
por bater, somente bate
em silenciosa agonia
desmoronando inteira cidade
interiorana e vazia
sabe que em si cabe
a outra metade que se encaixaria.

Em outro conto, outra estante
encontrará o que lhe falta
só não se sabe o instante
em que essa história acaba.
E que acaba toda a espera,
e que acaba a impressão
de uma caminhada solitária
lado a lado a solidão.

Se pelo menos se entregasse
se pelo menos permitisse,
que apenas um raio de sol entrasse
janela a dentro e invadisse,
irradiando a manhã
aquecendo a sala de estar
te convencesse que amanhã
é tarde demais para amar.

2 comentários:

  1. Tem certeza que você não usa um caderninho? Essa é típica daqueles com linhas azuis e margem marcada, vermelha. Me atingiu!

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  2. Você se supera a cada texto. Muito, muito bons!

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