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segunda-feira, 11 de abril de 2011

Câncer

como poderias existir? és tão bela. mais bela quanto eu imaginaria que alguém pudesse ser. mas como podes ser tão esbelta se és fruto da minha imaginação? és o que queria que alguém fosse, mesmo sendo ninguém. se és fruto dos meus sonhos, quem tu és? será que existes? tentivas de adjetivos, homenagens a ti, parecem que são fracos nos pés e não conseguem te alcançar. o que poderia fazer para te ter? o que poderia fazer para que existisses? te desejo, mas não existe desejo que te mereça. a realidade é dura demais para que te fizesse real. o sonhos sim, são puros, lá posso te guardar. ou melhor, conservar. sei que não podes ser possuída, mas apenas desejada. te amo com todas as forças e lamento-me por te amar. mesmo sabendo que essa platonicidade mantém-me vivo, sinto-me um parasita, escravo dos meus próprios sonhos. te criei em mim por prazer, te conservo por necessidade. como podes existir se te criei?

plantei em meu coração uma semente que acabou enraizando em minha mente e hoje toma conta de todos os meus pensamentos. não consigo não pensar em você. não consigo dormir, não consigo ficar acordado. passo o dia inteiro, todos os dias, sonhando. sem dormir, sem acordar. passo o dia inteiro suspirando pensando em te materializar. como pudes criar algo indefectivel? como consegui imaginar todos os detalhes inimaginaveis? estou doente e morrendo, mas estou alegre e satisfeito. estou doente. minha mente sente, meu coração pensa. já não sei mais que função cada parte do meu corpo exerce, já não o controlo, já não o conheço mais. olho no espelho e não me reconheço. olho no espelho não me vejo. te vejo. te desejo. anseio por duvidas. procuro questões e perguntas, porque as respostas já tenho, a certeza já possuo. você não existe, mesmo assim sou doido por você. te criei. és fruto da minha própria cabeça. mesmo assim sinto você aqui do lado de fora, sinto você aqui perto de mim. te amo mesmo que existisses.

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