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domingo, 31 de março de 2013

Sinestesia.

Uma das avenidas mais bonitas da cidade, o ponto mais cobiçado por restaurantes e bares, foi o lugar que Helen conseguiu para abrir seu primeiro bistrô. Ela tinha acabado de voltar de Milão, onde estudava graças a uma bolsa de estudos. Seus pais ligavam todos os dias, e agora estavam sorrindo para a primeira foto na fachada do novo restaurante da família.

Nas capas dos jornais estava estampado o nome Gabrielle e ótimas críticas ao bistrô especialista em comida italiana. Helen deu o nome da sua irmã mais nova ao restaurante, era de se imaginar, elas nunca haviam se desgrudado, até o câncer levar a caçula da família. Na foto familiar estava Helen sorrindo um choro, seu pai com o peito inflamado de orgulho, sua mãe chorando um sorriso e na cabeça de todos estava Gabrielle sorrindo, nunca houve uma lembrança triste dela.

Na entrada estava Lorenzo, marido e financiador da proprietária sorridente, tocando violão, cantando músicas da sua boa e velha Toscana. Luzes altas e notas amarelas. O ambiente agradava a todos e a todos encantava. O prato principal se chamava "Sorriso" e tinha muito de Helen nele, e um cheiro com cor de música impressionante. Não fazia sentido, mas todos sentiam. Tinha muito dela em todo o lugar e logo sua fama cresceu, seu casamento se fortaleceu, seus pais se orgulharam, o restaurante deu certo, sua vida era um sonho. Gabrielle estava mesmo sorrindo.

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