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domingo, 20 de março de 2011

grande árvore


tentava olhar para cima para ver toda a sua beleza, que passava despercebida por causa da sua localização. ela deve estar naquele canto há muitos anos, a julgar pelo seu tamanho, pela sua imponência. os seus galhos e sua copa se confundiam com a beleza da lua lá no céu, que se escondia por de trás daquela imensa árvore. não a imaginaria em outro lugar, a não ser naquele mesmo lugar que ela está há muitos e muitos anos. parece que ela foi feita para aquele cantinho, ou parece que tudo ao redor cresceu em função de sua magnitude. agora, mais que isso, aquela árvore foi feita para aquela situação.

eu precisava tomar um ar, estava ofegante e o meu coração estava disparadíssimo. várias formas de ver a mesma cena, mas eu só conseguia me enxergar fazendo um tipo de trapalhada. quanto mais eu falava e todas aquelas palavras saíam vomitadas, mais o ar parecia rarefeito, mais as paredes se apertavam. estava fazendo uma besteira, um grande atropelamento dos fatos. verbos transitivos que expressavam necessidade foram sendo citados um atrás do outro, os pensamentos vinham de forma desordenada e a ordem era se proteger de todas as consequências que aquilo teria.

acho que em tanto tempo, observando tanta gente, aquela árvore nunca tinha visto alguém tão atrapalhado assim. lua cheia, poucas estrelas e eu sentado no banco. agora eu estava desejando um cigarro, não que ele fosse apagar todos os erros cometidos, mas eu talvez ficasse mais tranquilo. não sei. o ar que me faltava, agora me sufocava, parecia estar respirando gases venenosos. facas cortavam minha consciência e minha cabeça estava pesando.

acho que em tanto tempo, observando tanta gente, aquela árvore nunca tinha visto alguém tão abandonado assim. queria que você fosse minha raíz, queria criar vínculo e estar ali com você, sem me importar qual fosse a estação. se seria primavera, se seria inverno, se minhas folhas estariam verdes e lindas ou se eu estaria debaixo de dias e dias de chuva. não me importaria. eu fui embora e árvore continua lá paradinha.

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