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terça-feira, 23 de novembro de 2010

A lenda dos sete mares II - A Noite Sem Fim

era inverno. não era diferente dos outros invernos, nem especial. nada de bom acontecera em mais uma estação gelada em que o capitão e sua tripulação navegavam pelo desconhecido. orgulhoso e radiante, a figura mais importante naquele navio comandava com empenho e dedicação seus subordinados, que eram tratados como irmãos. todos os ventos estavam a seu favor, todo o universo parecia conspirar para que todas as suas aventuras sempre acabassem bem. estava muito frio, como todos os outros invernos. havia muita neblina por todos os lugares, e isso afastava um pouco os corsários e capitões rivais. então o inverno costumava ser uma época tranquila, costumava...

quase todos estavam dormindo à espera do sol que deveria nascer no horizonte perdido indicando a direção para a tripulação, mas o sol não havia saído, e nem o faria por uma semana. uma semana que durou anos. uma semana de plena escuridão.

nenhuma criatura nem nenhum pirata, o mais louco que fosse, ousaria desafiar aquela embarcação, mas aquela situação sim era diferente. Poseidon era muito egocêntrico e não estava gostando nada de perder o título de majestade no mar para um simples mortal, isso tudo o incomodava por décadas. "como assim? quem esse capitãozinho e esse naviozinho de madeira acham que são? eles acham que são melhores que um deus?"

o sol não ter aparecido não foi um aviso, foi o inicio do que estava por vir. tempestades, chuvas fortes, ondas gigantes. tamanha instabilidade que garantiria a morte e naufrágio de qualquer navegação no mundo, menos aquela. muitos prefeririam não ter vivido aquela semana, mas viveram e sobreviveram. o sol voltou a brilhar em um continente distante. eles finalmente acordaram daquela noite que perdurou por sete dias e festejaram a vida em terra firme. o capitão e sua tripulação realizaram mais um grande façanha e sobreviveram a ira de um deus enfurecido e frustrado. "ele deveria trocar aquele tridente antigo por um mais moderno." - zombava com a própria sorte o capitão.

na terra onde desembarcaram encontraram água potável, alimentos frescos e muitos admiradores. muitos jovens ouviam as histórias e enquanto todos diziam não passar de lendas, eles acreditavam com muita fé em tudo. por onde passavam eram recebidos com muita festa. muito vinho, muita música e muitas mulheres. todos os homens do capitão se divertiam, menos ele. sempre sério, muito prestativo, mas sempre com a face indiferente, com um meio sorriso que parecia ter sido escupido. suas mãos calejadas e seu coração gelado não estavam preparados para o que iam encontrar...

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