Páginas

domingo, 8 de maio de 2011

Extinção

nasceu a ultima esperança da humanidade. sob a terra viviam pessoas frias e calculistas, pessoas egoístas e extremamente capitalistas. o mundo havia se tornado um lugar onde o dinheiro comprava qualquer coisa, e a unica coisa que não se poderia comprar, eles simplesmente esqueceram. deixaram de lado o amor. filmes românticos nem eram produzidos mais. nas comédias românticas, ninguém mais via graça, ninguém mais na face da terra sonhava e suspirava com a sua cara metade. relações frias movidas a interesses foi tudo o que restou para a humanidade.

quando pequeno, descobriu uma coleção de filmes clássicos que sua mãe escondia numa caixa no fundo do guarda-roupa. filmes com diálogos de tirar o fôlego, com historias de duas pessoas que se conheciam de formas improváveis e se apaixonavam, de historias onde o universo parecia conspirar por um fim feliz, onde depois do 'the end' nada mais importasse. se foi ironia do destino, não se sabe, mas ele nasceu e cresceu encantado com o que poderia sentir por alguém, por vários alguéns, por procurar a pessoa certa.

teve várias namoradas. várias decepções. vários momentos inesquecíveis. vários acontecimentos lamentáveis. sorriu e chorou muito, tudo em seu devido tempo. apaixonou-se, namorou, sofreu, esqueceu. como um ciclo que o fazia pensar se tudo aquilo estava indo certo, como ele planejara na infância ao idealizar o 'estar apaixonado'. mas ainda não tinha tomado aquela rasteira que se toma de jeito, não havia sentido seu coração palpitar loucuras onde as pessoas viam frieza. não havia sentido, de fato, o amor - ainda.

chuva. frio. chopp. amigos risadas. cantadas. tudo nos eixos, até adentrar em seu campo de visão o que o faria mudar completamente. indescritivelmente linda e articulada, ela se equilibrava em uma das pernas enquanto conversava qualquer coisa com qualquer outra pessoa. nada mais importava além do seu novo - e inédito - foco. ele sabia o que dizer. havia ensaiado por anos, esperou tanto por aquele momento e sentiu que havia chegado sua hora. a hora de mudar o mundo. sabia que se não tomasse a iniciativa, nunca se perdoaria. e foi.

triste da humanidade. ela teve todo o destino em suas mãos. não sentiu a profundidade em seu olhar e o desejo que lhe fazia suar as mãos e balançar as pernas em ansiedade. não entrou em sintonia. o destino parecia conspirar para uma reviravolta em toda a situação, a favor da propagação daquele calor apaixonante. hoje em dia ele continua sabendo como agir e o que falar, mas não se sabe o que aconteceu com todo aquele brilho no olhar. ele veio para transformar o mundo, e acabou apagando-se nele. o amor estava extinto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário