Páginas

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

A lenda dos sete mares III - o despertar do sentimento

nenhuma criatura maritima se comparava com o que estava por vir. as mais estranhas formas não se comparavam com aquela mortal. de inicio era igual a todas as outras da espécie humana, mas só de inicio. as outras possiveis mil linhas seriam para tentar retratar os detalhes do rosto dela, os outros milhares de adjetivos seriam para tentar descrever o jeito como ela falava e como andava e outras bilhões de formas de expressar o que se sentia ao olhar direto em seus olhos.

o capitão já tivera alguns relacionamentos. não foram muitos, nenhum durou mais que duas primaveras e as recordações não passaram por mais de 2 cais cada. ele sabia o que era sentir-se acompanhado, mas nunca descobriu o que era se sentir completo, não aquela sensação de habitát natural que era quando ele estava em alto-mar, aquela paixão insana pelo seu estilo de vida. ele não sabia o que eram sintomas como gagueira momentânea e frio na barriga, seu coração de pedra nunca o permitiu sentir isso, até agora...

era final de tarde, o sol estava se pondo do lado contrário ao horizonte que tocava o mar. já era outono e a essa hora o céu ficava meio laranja por trás das árvores de copas coloridas. eles desembarcaram em alguma cidade pequena com poucos habitantes. casas pequenas, ruas estreitas, temperaturas baixas. as especialidades que se encontravam ali eram a hospitalidade daquele povo e as tortas que eram feitas ali eram surpreendentemente deliciosas. mas surpresa mesmo foi para o capitão. não tinha andado mais quem 500 metros e finalmente o destino se encarregou logo de fazerem daquele cruzamento naquelas ruas apertadas palco desse grande encontro, tramado e esperado por entidades superiores do mundo antigo.

- desculpa - disse a inadjetivavel moça com a cabeça inclinada para cima tentando enxergar os olhos azuis do capitão que, por sua vez, apenas fez um gesto indecifrável com a cabeça. ele frustradamente tentou pronunciar algo e conseguiu apenas balbuciar algo que a fez desviar a atenção para os labios dele.
- o que o senhor disse?
- minha camisa - quando ela olhou mais para baixo, percebeu que havia deixado o café escorregar para fora do copo e sujar a camisa do capitão, e se desculpou mil vezes, até conseguir arrancar mais duas falas do capitão, um "tudo bem" após mil perdões e um outro "tudo bem" quando ela insistiu para levá-lo em casa enquanto ela limpava sua camisa.

houve uma grande diferença entre os dois "tudo bem". na entonação, na forma que as palavras foram cantadas, e da forma com que foram expostas. o primeiro pareceu que ele queria se livrar das palavras e no segundo ele ja estava falando e se arrependendo do que lhe saía à boca. duas sensações inéditas para o capitão, ele ficou tão confuso que, por causa disso, resolveu ir mais fundo...

Nenhum comentário:

Postar um comentário