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quarta-feira, 9 de maio de 2012

that's all right

Em toda a extensão da areia o sol queimava sem pena. Acima o céu exibia, em infinita beleza, nuvens com formas de animais. Debaixo do sombreiro, estendida sobre a canga, estava Dedé lendo Clarice. Fora da sombra, Toni corria usando o chapéu-de-palha que a namorada tanto achava engraçado, jogando areia em cima do coitado do Panqueca, o dálmata do casal.

Era um dia de semana, mas não era um dia qualquer, era dia deles e de mais ninguém. A praia era comumente vazia as terças, então brincavam dizendo que todo aquele horizonte-mar tinha sido feito só para os dois. As camisas, celulares, sandálias, e todo o tipo de bagagem desnecessária ficava no carro. Panqueca mal podia sair da coleira que já procurava sujar-se completamente de areia, arrancando boas gargalhadas.

Dedé adora ler, cantar e ouvir o som do mar. Ela sempre fala o quanto adora pés, diz que pra conquistá-la tem que ter pés lindos, o que chegava a ser engraçado. Toni era incrivelmente elétrico e tinha os pés mais feios que as patas do cachorro. Todas as fotos dos casais eram marcadas por caretas ou poses extravagantes. Ele adorava plantar bananeira, lutar com Panqueca e pregar peças na Dedé.

Era mais uma terça mágicas. Enquanto a namorada contava as histórias da professora rabugenta de portugûes analfabeta, Toni ria tão alto que do outro lado do oceano dava pra ouvir. Os dois conversavam de boca cheia e riam mais ainda até se engasgarem. Os sanduiches eram feitos pelos dois, antes de sairem de casa, e comido pelos três. Uma vez eles foram mergulhar e quando voltaram, o dálmata tinha devorado tudo.

Tudo era motivo pra um caldo no mar ou um cascudo na cabeça. Incrivel como eles se davam bem, e como isso era natural. Com os dois, tudo era espontâneo. Claro que eles brigavam, mas não durava meia hora, já estavam abraçados ou irritando um ao outro com piadas completamente sem graça. Saudade daqueles três...

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